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MOÇÃO DE APOIO À CARTA DO 5º ENCONTRO DA CONAQ

(* encaminhada pelo GT 2 (A) – Comunidades Tradicionais na luta por seus territórios)[Carta completa disponível em http://conaq.org.br/noticias/carta-do-5o-encontro-das-comunidades-quilombolas-conaq/

Nós, participantes do VIII Simpósio Internacional de Geografia Agrária (SINGA), viemos por meio desta reforçar os repúdios e condenações e apoiar as deliberações do 5º Encontro Nacional das Comunidades Quilombolas (CONAQ), quais sejam:
Repúdios e condenações:
  • A CONAQ repudia e condena toda e qualquer forma de manifestação do racismo por entender que é destas manifestações que nascem as desigualdades e as violências sofridas pela população negra, povos indígenas e demais povos e comunidades tradicionais;
  • A CONAQ repudia e condena toda e qualquer governo em qualquer instância formado a partir do rompimento com o processo democrático;
  • Repudia e condena todos os atos de violência de gênero ou qualquer outra natureza, no campo e na cidade;
  • Repudia e condena os atos arbitrários do Governo Federal na data de 24 de maio na cidade de Brasília, com manifestantes em defesa da democracia, usando a força para massacrar e violentar manifestantes; e a violência promovida pelo Governo do Pará por meio de seus aparelhos policiais que tem matado trabalhadoras e trabalhadores como o caso que ocorreu na Chacina em Pau d’ Arco;
  • Repudia e condena a criminalização dos movimentos sociais e suas lideranças por setores do judiciário, legislativo e executivo;
  • Repudia e condena a postura e as ações do parlamento brasileiro sob a liderança da bancada ruralista que trabalha diuturnamente para desconstruir a Constituição brasileira e a legislação que garante os direitos territoriais de quilombolas, indígenas, bem como os meios de garantias da preservação e sustentabilidade ambiental. Destacamos nesse ataque racista a realização da Comissão Parlamentar de Inquérito- CPI (FUNAI e INCRA), que busca criminalizar as lideranças indígenas e quilombolas, servidores públicos, apoiadores das lutas sociais. Além disso, a CPI propõe e extinção do INCRA e da FUNAI, a revogação do decreto 4887/2003 e propõe uma nova regulamentação para o art. 68 do ADCT para não reconhecer a territorialidade coletiva, a auto definição e impõe novamente, de forma arbitrária, o marco temporal, que não reconhece a história, o esbulho e as violências sofridas por esses povos;
  • Repudia e condena todos os estados da federação que se omitem na garantia dos direitos e na execução de políticas para as comunidades quilombolas, inclusive deixando de regularizar terras públicas em seu domínio e permitindo a ampliação da violência contra quilombolas, indígenas, outros povos e comunidades tradicionais e trabalhadoras e trabalhadores rurais;
Afirmações e deliberações:
  • Continuará na luta pela garantia da autonomia dos territórios quilombolas e por nenhum direito a menos;
  • Continuará lutando, de forma intransigente, pela regularização fundiária dos territórios quilombolas, estejam eles sobrepostos por terras públicas federais e estaduais, sejam terras em posse de particulares;
  • Pela sustentabilidade das comunidades quilombolas;
  • Pela garantia e fortalecimento da emancipação das mulheres quilombolas;
  • Pela autonomia, inserção e participação da juventude quilombola nos espaços de formulação de política, tais como: conselhos, fóruns e demais espaços de representação, que tenham como objetivo a promoção de direitos e elaboração de políticas públicas;
  • Investirá na formação política da juventude e das mulheres quilombola;
  • Lutar para que se reestabeleça o processo democrático no Brasil e as estruturas de Estado de elaboração e execução das políticas de promoção de igualdade racial desmantelada e destruídas pelo governo ilegítimo oriundo do Golpe;
Terra Titulada, Liberdade Conquistada e Nenhum Direito a Menos!
Este apoio visa reforçar nossa posição contra a Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI 3239, que discute a constitucionalidade do Decreto Federal n° 4887/03, que regulamenta o procedimento de titulação dos territórios quilombolas no Brasil.
Curitiba, 5 de novembro de 2017

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​JÁ ESTÁ DISPONÍVEL EM E-BOOK O ATLAS DA QUESTÃO AGRÁRIA NO PARANÁ

Um esforço coletivo do Observatório da Questão Agrária no Paraná junto a movimentos sociais e povos e comunidades que mostram a diversidade das relações, práticas e dos conflitos pela terra e território paranaenses.   Convidamos a todxs a se apropriar dessa leitura ampla e crítica sobre o campo no estado e esperamos que o Atlas seja objeto de leitura e divulgação, de uso como material didático e de formação, e acima de tudo que possa contribuir ao debate sobre o Paraná que temos e o que queremos.   Logo abaixo você pode clicar na imagem e Baixar o documento para ter acesso ao Atlas e desfrutar da leitura:  

NOTA DE REPÚDIO

A Rede de Pesquisadores sobre a Questão Agrária no Paraná, integrada por pesquisadores de oito universidades públicas do estado, vem a público manifestar preocupação em face do cerceamento do exercício profissional da Geógrafa e pesquisadora Márcia Yukari Mizusaki, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) por meio de ameaças motivadas pelo trabalho realizado junto às comunidades indígenas   do Município de Dourados, no Mato Grosso do Sul. À preocupação com esse que poderia ser um ato isolado, perpetrado por indivíduos que sentem-se à vontade para atentar contra os Direitos Constitucionais da servidora e dos indígenas, soma-se o repúdio à semelhante conduta do Jornal Diário MS, veículo de imprensa investido da tarefa pública de informação graças à concessão de que desfruta. A materia "Índios ampliam invasões de propriedades em Dourados", assinada por Marcos Santos, publicada no dia 22 de agosto último, é um exercício explícito de incitação à intolerância étnica