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Rede de Agroecologia e Projeto Flora: florestando a Reforma Agrária e cultivando a agrobiodiversidade na região Noroeste do Paraná

* Texto originalmente postado em agosto de 2014.

Nós, camponeses aqui do Noroeste do Paraná, vinculados a nossa recente criada Rede de Agroecologia queremos compartilhar com os demais companheiros leitores dos assuntos do Observatório da Questão Agrária do Paraná nossas experiências de trocas de saberes que temos praticado no sentido de transformar a agricultura dos assentamentos dessa região em uma agricultura que seja condizente com nossos princípios, isto é, livre de agrotóxicos e dizer para vocês que: no dia 01 de agosto de 2014 no Assentamento Sétimo Garibaldi no município de Terra Rica, aconteceu uma oficina teórica e prática promovendo o intercâmbio de experiências produtivas entre camponeses do Noroeste do Paraná. Esta oficina foi articulada pelo grupo de camponeses vinculado ao Projeto Flora e demais parceiros da região Noroeste do Paraná vinculados a Rede de Agroecologia desta região.

Esta atividade ocorreu no lote 6 do assentamento citado, na propriedade do Sr Cedeni e Srª Lena, família de camponeses que tem transformado o seu lote em um modelo de produção agroecológica e que tem trabalhado para resgatar e manter um banco de sementes que até então não são mais encontradas na região. Essa atividade contou com mais de 85 participantes, tendo um público diversificado: camponeses(as), técnicos, agrônomos, engenheiros florestais, estudantes e acadêmicos. 

A atividade - bem ao nosso estilo camponês de ser -  iniciou-se as 10h, com a recepção do público. Em seguida, houve uma breve apresentação das entidades e organizações presentes. Logo mais houve uma apresentação da propriedade e da família do agricultor Cedeni Luiz Biff (conhecido como Seu Nicão), que trouxe em sua fala o conhecimento que adquiriu durante os anos que começou a estudar e trabalhar com sistemas agroflorestais - Safs.

Em seguida houve uma apresentação sintética do Projeto Flora, em que foram abordados os objetivos, as metas, o público beneficiário e a contra-partida do projeto e do beneficiário. A temática, que envolveu os sistemas agroflorestais se estendeu através de intervenções dos participantes, pois trouxeram em suas exposições as experiências teóricas e práticas sobre esse jeito de fazer agricultura, e no diálogo algumas perguntas eram direcionadas para o Sr Cedeni, visto que este já possui uma experiência adquirida na prática. 





Posteriormente, seguiu o almoço, com o prato especial da roça - porco no tacho - e à tarde fomos para as experiências práticas na propriedade. Essa experiência na roça permitiu o aprendizado de muitos agricultores, pois tiveram o momento de troca de conhecimento sobre o plantio de diversas árvores frutíferas e como manter um sistema agroflorestal.






O que realmente compartilhamos é que esta oficina, em conjunto com os seminários camponeses que temos realizado tem nos permitido aprender e reconhecer que: temos muitos problemas; temos muito a fazer, e o mais importante, que esses encontros de camponeses tem nos ensinado a trabalhar em conjunto, pois, estamos aprendendo a lidar com nossa agricultura trabalhando com a troca de experiências naquilo que sabemos fazer - que é cultivar a terra.

A oficina em si foi um momento que não nos proporcionou somente a troca de conhecimentos e aprendizados sobre sistemas agroflorestais e manutenção e resgate de sementes, mas também nos indicou o aprendizado de que há um jeito de se fazer agricultura, uma forma do homem se relacionar com a natureza e se encontrar dentro dela preservando o meio ambiente, além de produzirmos alimento diversificado, livre de transgênicos e agrotóxicos.  

É em conjunto, nos seminários e nas oficinas, que temos trabalhado para melhorar nossa agricultura e consolidar nossa Rede de Agroecologia.



É na roda da prosa e proseando é que vamos aprendendo a solucionar nossos problemas e cultivar com nosso jeito assim... bem camponês de ser.

Também temos discutido que a responsabilidade daquilo que plantamos está no futuro daqueles que correm despreocupados junto conosco....


Camponeses vinculados ao Projeto Flora.
Grupo de trabalho do Laboratório de Geografia Agrária - LAGEA - DGE - UEM.

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NOTA DE REPÚDIO

A Rede de Pesquisadores sobre a Questão Agrária no Paraná, integrada por pesquisadores de oito universidades públicas do estado, vem a público manifestar preocupação em face do cerceamento do exercício profissional da Geógrafa e pesquisadora Márcia Yukari Mizusaki, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) por meio de ameaças motivadas pelo trabalho realizado junto às comunidades indígenas   do Município de Dourados, no Mato Grosso do Sul. À preocupação com esse que poderia ser um ato isolado, perpetrado por indivíduos que sentem-se à vontade para atentar contra os Direitos Constitucionais da servidora e dos indígenas, soma-se o repúdio à semelhante conduta do Jornal Diário MS, veículo de imprensa investido da tarefa pública de informação graças à concessão de que desfruta. A materia "Índios ampliam invasões de propriedades em Dourados", assinada por Marcos Santos, publicada no dia 22 de agosto último, é um exercício explícito de incitação à intolerância étnica