Publicado no dia 12 de junho no Estadão, foi
divulgada proposta de revisão dos limites de Unidades de Conservação Federais,
sendo 5 delas no Paraná.
19 de junho de 2019
Coletivo Enconttra
Governo está propondo a redução dos limites das Unidades de
Conservação (UCs) federais, visando eliminar áreas onde há interferência de
instrumentos de infraestrutura como rodovias, ferrovias etc. De acordo com o
Jornal Estadão, em matéria publicada em 12 de junho, cerca de sessenta UCs são
alvo dos Ministérios da Infraestrutura e do Meio Ambiente.
No Paraná estão contempladas nesse ataque cinco UCs, todas de Proteção
Integral, ou seja, aquelas em que a interferência e presença humana são
restritas. As áreas que poderão ser afetadas são, segundo dados do ICMBIO:
- Parque Nacional do
Iguaçu - criado em 1939, com área de 185.262 hectares,
abrange os municípios de Céu Azul, Matelândia, Serranópolis do Iguaçu, São
Miguel do Iguaçu, Foz do Iguaçu, Capanema, Capitão Leônidas Marques, Lindoeste,
Santa Tereza do Oeste, Santa Terezinha do Itaipu;
- Parque Nacional da
Ilha Grande - criado em 1997, com área de
76.138,19 hectares, abrange os municípios de Altônia, São Jorge do Patrocínio,
Alto Paraíso, Guaíra, Icaraíma (no Paraná) e Mundo Novo, Eldorado, Naviraí,
Itaquiraí (no Mato Grosso do Sul);
- Parque Nacional do
Campos Gerais - criado também em 2006, com área de
21.298,91 hectares, abrange os municípios de Castro, Carambeí, Ponta Grossa;
- Reserva Biológica das
Perobas - criada em 2006, com área de 8.716,13 hectares,
abrange os municípios de Cianorte, Tuneiras do Oeste;
- Reserva Biológica das
Araucárias - criada em 2006, com área de 14.930,49 hectares,
abrange os municípios de Ipiranga, Teixeira Soares, Imbituva.
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Figura 1: Unidades de Conservação que podem ser alteradas no Paraná.
Essas UCs juntas
somam uma área superior a 300 mil hectares e recobrem áreas de enorme
relevância ambiental, classificadas como alta e extremamente alta para a preservação
da biodiversidade, resguardando espécies da flora e da fauna e sob risco de
extinção, segundo o Mapa de Áreas Prioritárias do MMA (2018). Além disso, no
Paraná, essas UCs são fontes importantes de recursos pelo apelo turístico e
pelos repasses de ICMS Ecológico, sendo que a sua redução, implica em menos
recursos financeiros aos municípios. Só o PARNA do Iguaçu gerou em receitas,
entre 2015 e 2017 quase 84 milhões de reais, ou seja, uma renda anual média de
28 milhões de reais.
Redução nas Receitas
aos Municípios
As cinco Unidades sob
ataque, no ano de 2018, geraram um total de R$ 48.315.918,66 em ICMS Ecológico,
isto é, aproximadamente 50 milhões de reais revertidos para os municípios.
Ademais, os municípios abrangidos pelas Reserva Biológica das Araucárias e do
Parque Nacional dos Campos Gerais não cadastraram essas UCs junto ao Instituto Ambiental
do Paraná (IAP), abrindo mão desses recursos.
Ministro do meio
ambiente e a pauta ruralista
Em 1º de maio o
Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, esteve em Ponta Grossa acompanhado
de ruralistas e proprietários de terra na região do PARNA, onde discutiram a
revisão e/ou a revogação do Parque Nacional dos Campos Gerais. Salles criticou
o modelo de criação das UCs, portanto não nos admira, nesse momento ter-se como
justificativa os interesses das infraestruturas logísticas para rever esses
limites.
Na escala nacional a
condição é ainda pior, pois a redução abrange Unidades de Uso Sustentável, que
permitem a presença humana em seu interior. Principalmente de comunidades
tradicionais, violando seus direitos identitários, étnicos e territoriais.
Ataques às UCs em
Escala Nacional: Que interesses estão por traz dessas revisões?
Das 59 Unidades de Conservação no alvo do governo federal para terem
suas áreas ou limites reduzidos, revogados e/ou alterados, 38 são de Proteção
Integral e 21 de Uso Sustentável.
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Figura 2: Unidades de Conservação Federais em revisão.
Chama a atenção esses ataques às UCs em questão porque 17 delas se
sobrepõem a territórios indígenas, sendo 6 delas de Uso Sustentável. Além
disso, dentre estas UCs, três se sobrepõem com territórios quilombolas.
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Figura 3: Unidades de Conservação sobrepostos a territórios tradicionais.
Não obstante, chama a atenção que dentre as 59 que estão sob revisão, 51
delas possuem em seu território algum processo referente a mineração nas mais
distintas fases. De acordo com os dados da Agência Nacional de Mineração (ANM),
mesmo após a criação das Unidades de Conservação ocorreram processos para a
exploração minerária nessas áreas. Esses dados revelam que mais de 80% destas Unidades
estão sob a mira da mineração.
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Figura 4: Unidades de Conservação com sobreposição a interesses minerários. |
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Nessa
relação conflitante onde estão sobrepostos os direitos dos povos e comunidades
tradicionais e interesses econômicos, qual o real objetivo de rever os limites destas
Unidades de Conservação?
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