Pular para o conteúdo principal

Carta de Irati

Unicentro, Irati, 16/08/2019

Nós, Camponeses, Indígenas, Benzedeiras, Faxinalenses, Estudantes e Professores, de diferentes regiões do estado do Paraná, presentes na VII Jornada de Pesquisas sobre a Questão Agrária no Paraná, vimos a público denunciar, reivindicar e expressar nossa preocupação com os retrocessos de ordem política, jurídica, social e ambiental relacionados aos povos do campo e que foram objeto de intenso debate durante a Jornada.
DENUNCIAMOS
- A situação de descaso e repressão que sofrem os povos indígenas das quatorze Tekohas na região Oeste do Paraná;
- O cercamento dos territórios, o envenenamento das plantas e das nascentes e o não reconhecimento das diferentes territorialidades dos povos e comunidades tradicionais;
- A ameaça de despejo aos camponeses acampados e assentados no estado do Paraná;
- O enxugamento na elaboração e execução de políticas públicas destinadas aos povos do campo;
- Os limites que a agricultura convencional, baseada no uso intenso de agrotóxicos, impõe à territorialização da agroecologia;
- O fechamento das escolas do campo;
- A liberação massiva da comercialização e do uso de agrotóxicos;
- A violência praticada contra as mulheres do campo.
No caso específico dos povos indígenas, DENUNCIAMOS que a demora na demarcação das terras, impede a gestão do território compatível com seu modo de vida e favorece a expansão do agronegócio sobre as terras tradicionalmente ocupadas, degradando a natureza por meio do desmatamento e do uso de agrotóxicos empregados nas monoculturas, o que tem provocado: a contaminação das águas, o adoecimento das comunidades e a extinção das espécies nativas da fauna e da flora.
Diante disso, após amplo debate com os representantes indígenas, REIVINDICAMOS: a demarcação das terras indígenas no Oeste do Paraná; a construção de poços artesianos, de escolas e de equipamentos de saúde pública; a contratação de agentes indígenas de saúde e saneamento; a recuperação e preservação das nascentes e dos rios.
Além disso, os povos indígenas se posicionam contrários à municipalização da saúde, defendendo que o atendimento deve ser garantido na esfera federal a fim de assegurar um atendimento humanizado para homens, mulheres e crianças, considerando a sua cultura.
Por fim, queremos fortalecer caminhos para a ação conjunta, propondo ações e reflexões que nos
permitam construir alternativas comuns. Como esta jornada nos mostrou, em tempos de
obscurantismo, a energia, a luta e a resistência dos sujeitos do campo apontam para a esperança.
Sigamos caminhando.


Postagens mais visitadas deste blog

​JÁ ESTÁ DISPONÍVEL EM E-BOOK O ATLAS DA QUESTÃO AGRÁRIA NO PARANÁ

Um esforço coletivo do Observatório da Questão Agrária no Paraná junto a movimentos sociais e povos e comunidades que mostram a diversidade das relações, práticas e dos conflitos pela terra e território paranaenses.   Convidamos a todxs a se apropriar dessa leitura ampla e crítica sobre o campo no estado e esperamos que o Atlas seja objeto de leitura e divulgação, de uso como material didático e de formação, e acima de tudo que possa contribuir ao debate sobre o Paraná que temos e o que queremos.   Logo abaixo você pode clicar na imagem e Baixar o documento para ter acesso ao Atlas e desfrutar da leitura:  

NOTA DE REPÚDIO

A Rede de Pesquisadores sobre a Questão Agrária no Paraná, integrada por pesquisadores de oito universidades públicas do estado, vem a público manifestar preocupação em face do cerceamento do exercício profissional da Geógrafa e pesquisadora Márcia Yukari Mizusaki, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) por meio de ameaças motivadas pelo trabalho realizado junto às comunidades indígenas   do Município de Dourados, no Mato Grosso do Sul. À preocupação com esse que poderia ser um ato isolado, perpetrado por indivíduos que sentem-se à vontade para atentar contra os Direitos Constitucionais da servidora e dos indígenas, soma-se o repúdio à semelhante conduta do Jornal Diário MS, veículo de imprensa investido da tarefa pública de informação graças à concessão de que desfruta. A materia "Índios ampliam invasões de propriedades em Dourados", assinada por Marcos Santos, publicada no dia 22 de agosto último, é um exercício explícito de incitação à intolerância étnica