Com
lançamento marcado para a próxima terça-feira (29), mapa levantou dados
de 1.416 áreas de ocupação em quatro países e aponta população de
280.000 Guarani na América Latina
Na próxima terça-feira (29), a partir das 18h, o Mapa Guarani Continental 2016 será apresentado no Auditório da Ação Educativa em São Paulo. No mesmo evento será lançado o Mapa Guarani Digital (guarani.map.as) plataforma interativa, que reúne informações sobre a ocupação e a situação fundiária das terras guarani no Brasil.
Resultado
do trabalho de uma rede com mais de 200 colaboradores, entre
comunidades guarani, indigenistas e acadêmicos, o Mapa Guarani
Continental apresenta toda a área de ocupação atual do povo Guarani na
América do Sul. São mais de 280.000 pessoas unidas por uma língua e
cultura comuns, vivendo na Argentina, Bolívia, Brasil e Paraguai.
A partir desta sexta-feira (25), o Mapa Guarani Continental 2016 está disponível no site campanhaguarani.org. O download do PDF da publicação também pode ser feito nos sites do Centro de Trabalho Indigenista (CTI), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Instituto Socioambiental (ISA) e da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD),
organizações que participaram do projeto. O Mapa é apresentado em três
idiomas – português, espanhol e guarani – e é acompanhado por um livro
com informações sobre a situação atual do povo Guarani nos quatro países
por onde se estende seu território de ocupação.
Distribuídos
por 1.416 comunidades, aldeias, bairros urbanos ou núcleos familiares,
desde o litoral do Atlântico até a região pré-andina, os Guarani
constituem um dos povos indígenas de maior presença territorial no
continente americano. A maior parte da população Guarani – 85 mil
pessoas – vive no Brasil, seguidos de 83 mil na Bolívia, 61 mil no
Paraguai e 54 mil na Argentina e, assim como outros povos na América
Latina, está em um franco processo de crescimento, com altos níveis de
fecundidade aliados à queda dos níveis de mortalidade, mantidos há pelo
menos 20 anos.
Um mapa feito pelos guarani
Para
a rede de colaboradores envolvida na elaboração do mapa, trata-se de um
instrumento de apoio para as demandas das comunidades guarani pelo
reconhecimento de seus territórios e por políticas públicas que
respeitem sua autonomia como povos que vivem em diferentes países.
Segundo
Bartolomeu Meliá, antropólogo e editor da publicação que acompanha o
mapa, o resultado é fruto do envolvimento das próprias comunidades
indígenas. “A importância da iniciativa é justamente o protagonismo
indígena apoiado com dados das várias outras fontes que colaboraram. De
certo modo, o mapa é efetivamente um mapa guarani. É feito pelos Guarani
para que eles mesmos se reconheçam enquanto grande comunidade”, diz o
pesquisador.
A
partir de fontes das próprias comunidades indígenas e de pesquisadores,
a publicação introduz o leitor à realidade atual dos povos Guarani. A
invasão e destruição de suas terras; as ameaças contra seu modo de ser; e
a expulsão, a discriminação e o desprezo que vieram com a chegada de
colonos, fazendeiros, sojicultores, usineiros e petroleiros, estão entre
os principais problemas comuns enfrentados nos quatro países.
A
violência também é ocasionada pelo avanço de várias frentes de expansão
das sociedades nacionais, desde pequenos agricultores até
latifundiários, regidas por sistemas econômicos e culturais contrários
ao dos Guarani. “O Estado faz todo o possível para desfazer o que é
precisamente o tekoha desses povos. O Estado quer que os indígenas sejam
também uma sociedade de mercado onde as terras entrem também nesse
mercado. Nos países com presença Guarani essa ação do Estado colonial é
pior no Paraguai, depois provavelmente no Brasil”, comenta Meliá.
Mapa digital
O Mapa Guarani Digital será lançado na próxima terça-feira (29), no auditório da Ação Educativa, no centro de São Paulo (saiba mais sobre o evento aqui).
Na versão digital, que você acessa aqui,
além dos 278 pontos atuais de localização das aldeias Guarani, o
visitante pode consultar informações detalhadas sobre a situação
fundiária de cada área. Do total de 198 Terras Indígenas de uso
exclusivo do povo Guarani, apenas 33 estão regularizadas.
Também
estão registradas no Mapa Digital, a localização de 255 antigas aldeias
guarani, das quais os indígenas foram expulsos à força ao longo do
século XX, além da localização de cerca de 1100 sítios arqueológicos
guarani, distribuídos pelas mesmas regiões ocupadas pelos povo guarani
na atualidade.
No
Brasil, a população Guarani está em Terras Indígenas, reservas, áreas
dominiais, acampamentos e situações urbanas, espalhada por onze estados
nas cinco regiões brasileiras. Estima-se que sejam 64.455 pessoas na
região Centro-Oeste, no estado de Mato Grosso do Sul (MS); 300 nos
estados de Mato Grosso (MT), Tocantins (TO), Pará (PA), Maranhão (MA); e
20.500 nas regiões Sul e Sudeste, nos estados do Rio Grande do Sul
(RS), Santa Catarina (SC), Paraná (PR), São Paulo (SP), Rio de Janeiro
(RJ) e Espírito Santo (ES).
Serviço
Lançamento do Mapa Guarani Continental e do Mapa Guarani Digital
Terça-feira (29), à partir das 18h, no Auditório da Ação Educativa
Rua General Jardim, 660, Vila Buarque. São Paulo-SP
Terça-feira (29), à partir das 18h, no Auditório da Ação Educativa
Rua General Jardim, 660, Vila Buarque. São Paulo-SP
Publicado originalmente: http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=9445&action=read