“Neste ano, Grito dos Excluídos tem
como tema ‘Por direito e democracia: a vida é todo dia’" /FOTO: Franciele
Petry Schramm/ FONTE: Brasil de Fato, 2017.
Para a
maioria dos brasileiros o dia 7 de setembro é sinônimo de descanso, porém, para
outros, significa luta e resistência. A 23ª edição do Grito dos Excluídos deste
ano de 2017 possui como lema “Por
Direitos e Democracia a luta é todo dia”. Em várias cidades de diversos estados
brasileiros, milhares de pessoas participaram do ato. No Paraná, cidades como
Curitiba, Londrina e Cascavel também se mobilizaram.
Em Curitiba, cerca de 500 pessoas foram às ruas do bairro Vila Torres,
com a bandeira do Brasil (tachada em cima com a inscrição “Todo poder ao povo”)
e a de movimentos sociais do campo e da cidade. A concentração e saída foi em
frente à Paróquia São João Batista e em seguida os manifestantes caminharam pelas
do bairro e finalizaram em uma praça aos fundos do Jardim Botânico.
O Grito é organizado por setores da
Igreja Católica e movimentos sociais, tendo por objetivo denunciar o
descontentamento do povo com a retirada de direitos básicos, mostrando que o
povo não está apático perante os pacotes de medidas impostos pelo governo
golpista de Michel Temer, como a Reforma Trabalhista e a Reforma da Previdência.
As atividades do Grito trazem consigo denúncias sobre a situação caótica
pela qual alguns municípios estão passando, principalmente, após a Emenda
Constitucional 95 que congela os gastos da saúde e educação. Dessa forma, a 23ª
edição foi marcada pela manifestação contra os retrocessos que vêm sendo
provocados por um governo que não possui nenhum compromisso com o pacto social.
Dentre estes retrocessos, destaca-se a volta do país ao mapa da fome e as violências
e criminalizações contra a população em situação de rua e os povos da terra
(indígenas, quilombolas, camponeses). Todas essas lutas por terra e território foram
denunciadas durante o Grito.
Em entrevista para ao Brasil de
Fato, o manifestante Bonfim diz que “Os estudos apontam que o Brasil já voltou
para o mapa da fome, neste momento tem 14 milhões de desempregados. Nesse
sentido, é com tristeza que nós estamos realizando este Grito dos Excluídos.
Mas, ao mesmo tempo com esperança, porque nós estamos organizando os movimentos
populares, fazendo um trabalho de base para que a gente possa fazer essa
denúncia, desse ajuste fiscal, desse ataque aos direitos e ataque em todos os
âmbitos, do governo federal”.
Além disso, lembrando o respeito a diversidade, o Grito também se
manifesta contra a homofobia e o machismo, os quais se encontram enraizados ao
conservadorismo presente na sociedade brasileira. Isto, por sua vez, acaba
sendo o responsável pela morte de jovens brasileiros, principalmente
homossexuais e mulheres, que em sua maioria são pobres e negros.
O Grito ainda denuncia o descaso com
a saúde, educação, saneamento básico, reforma agrária: violações do Estado que
aumentam a exclusão e favorecem os ricos. Além disso, os participantes manifestam-se
gritando “FORA TEMER” em busca da liberdade e democracia, protestando contra o
governo golpista que, articulado à mídia manipuladora da Rede Globo,
‘comemorou’ um ano de golpe no dia 31 de agosto de 2017.
Em nota oficial no Facebook, a Secretaria Nacional do/a Grito dos/as
Excluídos/as, manifestou com contentamento que “o Grito dos/as Excluídos/as veio para
dizer que o povo tem voz. E que voz! Que os ecos desses gritos possam ser
escutados ao longo de muito tempo, que possam ecoar em alto volume para que nunca
se esqueçam que nós, povo, temos poder. Temos as ruas! Que não deixem o Estado
dormir em seu silêncio cúmplice e confortável enquanto milhares estão tendo sua
dignidade ferida”.
Representantes do Projeto de Extensão Feira Agroecológica da
Universidade Estadual do Centro Oeste – UNICENTRO/Campus Irati, estiveram
presentes na marcha do Grito dos/as Excluídos/as em Curitiba. Neste sentido,
cabe apontar que a Agroecologia contrapõe a lógica da exploração e dos
monocultivos do agronegócio, bem como é uma ferramenta popular na luta pela
terra, regida pelos camponeses que resistem ao longo da história.
Mística final do 23º Grito
dos Excluídos em Curitiba/Foto: Franciele Petry Schramm/ FONTE: Brasil de Fato,
2017.
Assim,
com esperança em um país melhor, a 23ª edição do Grito dos/as Excluídos/as
marcou o Dia da Independência com gritos de milhares de brasileiros indignados
com os retrocessos do governo golpista. Entretanto, é necessário lembrar que a
caminhada não termina ao fim do dia, mas que como o lema diz, a luta é todo
dia.
REFERÊNCIAS:
https://www.brasildefato.com.br/2017/09/07/em-curitiba-independencia-do-pais-e-questionada-no-23o-grito-dos-excluidos/
Caroline Cordeiro Santos (Coletivo do
Projeto Feira Agroecológica da UNICENTRO/campus de Irati)