MOÇÃO DE REPÚDIO ÀS AÇÕES DE DESPEJO DE FAMÍLIAS DE TRABALHADORES RURAIS NO SUDESTE DO PARÁ E À VIOLÊNCIA DO ESTADO
Nós, professores, pesquisadores, estudantes e movimentos sociais reunidos no VIII Simpósio Internacional de Geografia Agrária, na Cidade de Curitiba (PR), viemos a público repudiar a atitude da Vara Agrária de Marabá e do Tribunal de Justiça e do Governo do Estado do Pará pelas ações de despejo de mais de 2.000 famílias de trabalhadores rurais sem-terra ligadas ao MST e ao movimento sindical (8.000 pessoas entre homens, mulheres e crianças) do sudeste do Pará. É uma ação que visa atender os anseios de fazendeiros e empresários da região.
O Batalhão de Choque da Polícia Militar do Pará, composto por 110 policiais, foi enviado ao sudeste paraense pelo Governo do Estado e está desde o dia 2 de novembro realizando uma série de despejos das famílias trabalhadoras rurais em 20 fazendas da região. Trata-se de uma operação que está expulsando as famílias e destruindo suas casas e plantações.
Algumas destas fazendas, como Cedro, Maria Bonita e Fortaleza, pertencem ao Grupo Santa Bárbara, do Banqueiro Daniel Dantas e foram ocupadas em 2009 por 850 famílias ligadas ao MST, de modo que hoje essas famílias já contam com a criação de pequenos animais e uma vasta produção de alimentos sem veneno.
Várias outras fazendas ocupadas por famílias ligadas ao movimento sindical, as quais, inclusive incidem em terras públicas, também estão na operação do Batalhão de Choque da Polícia Militar.
Tal ação do Governo e do Poder Judiciário do Estado do Pará, construída em proteção aos interesses de fazendeiros e empresários, não só retira camponeses da terra, mas retira o direito à dignidade de famílias que através do trabalho e da luta, produzem vida em terras marcadas pela morte no sudeste paraense.
Em defesa das famílias camponesas, pelo direito ao território e à vida, repudiamos a violência do Estado e reafirmamos nossa total solidariedade com aqueles que lutam por dignidade nessa região historicamente marcada pelo latifúndio, pela grilagem, por massacres e pela impunidade!
Curitiba, 5 de novembro de 2017