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MOÇÃO DE REPÚDIO À INVASÃO DA ESCOLA NACIONAL FLORESTAN FERNANDES E PERSEGUIÇÃO AOS NOSSOS COMPANHEIROS E COMPANHEIRAS DO MST

O Grupo de Trabalho Estudos Críticos do Desenvolvimento Rural, do Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (CLACSO), vem a público manifestar seu mais completo repúdio contra a invasão truculenta da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, São Paulo, na manhã de 04 de novembro de 2016, cometida por forças das polícias civil e militar, sem mandado judicial e com o uso de armas de grosso calibre e munição letal contra funcionários, estudantes, educadores, artistas, agricultores.
Emersos no ódio, a invasão orquestrada pelo Governo do Paraná articulado com o Governo de São Paulo, sob “Operação Castra” , tem como objetivo criminalizar os Companheiros e as Companheiras do MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - com o objetivo de condena-los pública e judicialmente como membros de uma “organização criminosa”, enquadrando-os no Lei Anti-Terror. Acusam seus integrantes de “suspeitos de furto, dano qualificado, roubo, invasão de propriedade, incêndio criminoso, cárcere privado, lesão corporal, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e irrestrito e constrangimento ilegal”.
Na sana criminosa da extinção de um movimento histórico que luta pela democratização da terra, o ataque à renomada ENFF é uma clara tentativa de exterminar as iniciativas do povo brasileiro criar, construir e determinar os próprios caminhos para formar seu conhecimento, consciência crítica e decidir sobre as ações no mundo.
A ENFF é resultado do trabalho coletivo voluntário de mais de 1.000 trabalhadores, há 11 anos, que lutaram para criar um espaço próprio para construir uma educação e formação de qualidade para romper com mais de cinco séculos de latifúndio escravocrata que constituiu e constitui ainda hoje a formação territorial, social, política e econômica do País, sob a qual inclusive famílias dos policiais que a invadiram e atiraram nos nossos Companheiros e Companheiras foram vitimas, e ainda são, do ódio e ignorância que favorece o aprisionamento da consciência humana.
Ao longo desta década a ENFF converteu-se em um espaço educativo reconhecido e renomado internacionalmente pela qualidade dos seus cursos nos níveis de educação básica, ensino técnico, superior e pós-graduação, com abrangências nacional e internacional, contribuindo para sujeitos comprometidos com a justiça social, reforma agrária, soberania alimentar, tecnologias de recuperação e conservação da natureza e de apoio à produção de alimentos saudáveis. A invasão militarizada, carregada de prisões e ameaças à vida dos sujeitos é gravíssima, repugnante e inadmissível!
Nesse sentido, vimos manifestar, veementemente, chocados com tamanha barbaridade, nosso repúdio por tais truculências. Muitos de nós somos professores e professoras, Amigos Associados e Amigas Associadas dessa grandiosa Escola que representa o Patrimônio Material e Imaterial da sociedade brasileira, da América Latina, dos povos do Mundo.

Aby Ayala, 04 de Novembro de 2016

Grupo de Trabalho Estudos Críticos do Desenvolvimento Rural
Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (CLACSO)

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Um esforço coletivo do Observatório da Questão Agrária no Paraná junto a movimentos sociais e povos e comunidades que mostram a diversidade das relações, práticas e dos conflitos pela terra e território paranaenses.   Convidamos a todxs a se apropriar dessa leitura ampla e crítica sobre o campo no estado e esperamos que o Atlas seja objeto de leitura e divulgação, de uso como material didático e de formação, e acima de tudo que possa contribuir ao debate sobre o Paraná que temos e o que queremos.   Logo abaixo você pode clicar na imagem e Baixar o documento para ter acesso ao Atlas e desfrutar da leitura:  

NOTA DE REPÚDIO

A Rede de Pesquisadores sobre a Questão Agrária no Paraná, integrada por pesquisadores de oito universidades públicas do estado, vem a público manifestar preocupação em face do cerceamento do exercício profissional da Geógrafa e pesquisadora Márcia Yukari Mizusaki, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) por meio de ameaças motivadas pelo trabalho realizado junto às comunidades indígenas   do Município de Dourados, no Mato Grosso do Sul. À preocupação com esse que poderia ser um ato isolado, perpetrado por indivíduos que sentem-se à vontade para atentar contra os Direitos Constitucionais da servidora e dos indígenas, soma-se o repúdio à semelhante conduta do Jornal Diário MS, veículo de imprensa investido da tarefa pública de informação graças à concessão de que desfruta. A materia "Índios ampliam invasões de propriedades em Dourados", assinada por Marcos Santos, publicada no dia 22 de agosto último, é um exercício explícito de incitação à intolerância étnica