Mais uma vez o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST) é vítima da criminalização por parte do aparato repressor do Estado
Paranaense. A ação violenta batizada de “Castra” aconteceu na nessa sexta-feira
(04/11/2016), no Paraná, em Quedas do Iguaçu; Francisco Beltrão e Laranjeiras
do Sul; também em São Paulo e Mato Grosso do Sul.
O objetivo da operação é prender e criminalizar as
lideranças dos Acampamentos Dom Tomás Balduíno e Herdeiros da Luta pela Terra,
militantes assentados da região central do Paraná. Até o momento foram presos
seis lideranças e estão a caça de outros trabalhadores, sob diversas acusações,
inclusive organização criminosa.
Desde maio de 2014 aproximadamente 3 mil famílias acampadas,
ocupam áreas griladas pela empresa Araupel. Essas áreas foram griladas e por
isso declaradas pela Justiça Federal terras públicas, pertencentes à União que
devem ser destinadas para a Reforma Agrária.
A empresa Araupel que se constitui em um poderoso império
econômico e político, utilizando da grilagem de terras públicas, do uso
constante da violência contra trabalhadores rurais e posseiros, muitas vezes
atua em conluio com o aparato policial civil e militar, e tendo inclusive financiado
campanhas políticas de autoridades públicas, tal como o chefe da Casa Civil do
Governo Beto Richa, Valdir Rossoni.
Lembramos que essa ação faz parte da continuidade do
processo histórico de perseguição e violência que o MST vem sofrendo em vários Estados
e no Paraná. No dia 07 de abril de 2016, nas terras griladas pela Araupel, as
famílias organizadas no Acampamento Dom Tomas Balduíno foram vítimas de uma
emboscada realizada pela Policia Militar e por seguranças contratados pela
Araupel. No ataque, onde foram disparados mais de 120 tiros, ocorreu a execução
de Vilmar Bordim e Leomar Orback, e inúmeros feridos a bala. Nesse mesmo
latifúndio em 1997 pistoleiros da Araupel assassinaram em outra embosca dois
trabalhadores Sem Terra. Ambos os casos permanecem impunes.
Denunciamos a
escalada da repressão contra a luta pela terra, onde predominam os interesses
do agronegócio associado a violência do Estado de Exceção.
Lembramos que sempre atuamos de forma organizada e pacifica
para que a Reforma Agrária avance. Reivindicamos que a terra cumpra a sua
função social e que seja destinada para o assentamento das 10 mil famílias
acampadas no Paraná.
Seguimos lutando pelos nossos direitos e nos somamos aos que
lutam por educação, saúde, moradia, e mais direitos e mais democracia.
Lutar, construir
Reforma Agrária Popular.
Curitiba, 04 de novembro de 2016.