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Jornada da Questão Agrária é realizada na Unicentro/Campus Irati





Entre os dias 15 e 17 de agosto de 2019, a Unicentro/Campus de Irati sediou a sétima edição da Jornada de Pesquisas sobre a Questão Agrária no Paraná (JPQA), com o intuito de proporcionar um debate teórico em interlocução com os movimentos e sujeitos sociais do campo. O evento foi organizado pelo Coletivo de Estudos e Ações em Resistências Territoriais no Campo e na Cidade (CERESTA). 

A JPQA contou com a presença de representantes indígenas, de movimentos sociais e de organizações não-governamentais como: o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento Aprendizes da Sabedoria (MASA), AS-PTA Agricultura e Agroecologia.  O agricultor Luís Antônio Ribas (o Jagunço) do acampamento Mário Lago definiu que

o movimento busca conscientizar e busca várias formas de conhecimento para que as pessoas vão produzindo cada vez mais sem o agrotóxico, sem o veneno, porque o mal da sociedade, talvez, é a grande quantidade de veneno que as pessoas estão comendo. Para nós do MST, nós lutamos por três objetivos. Primeiro a luta pela terra, depois luta pela reforma agrária e construir uma sociedade justa, igualitária. Então, é nesse contexto de estar ajudando a construir uma nova sociedade, que a gente tem que ter uma relação pública com os diversos movimentos sociais, organizações, estudantes, professores e etc.

Um dos momentos voltados para compreender a questão agrária foi a conferência de abertura do professor Carlos Marés de Souza Filho, da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).  Em sua conferência, o professor Marés fez uma contextualização da estrutura fundiária no Brasil.

A questão fundiária no Brasil é, desde 1500, o carro chefe das contradições, no sentido em que os europeus, principalmente os portugueses, quando chegaram aqui no Brasil, na América Latina, eles chegaram em busca dos produtos da terra. Então, a terra, já a partir daí, teve um papel essencial e, por isso, todos os impérios coloniais tentaram e conseguiram, na maior parte das vezes, um controle absoluto sobre a terra das Américas, em detrimento de quem estava nas Américas. As minhas pesquisas a respeito dos povos indígenas, dos povos afrodescendentes e de muitos outros povos que foram se formando no processo, têm na terra uma contradição principal, porque continua a mesma ideia, o mesmo liame colonial do controle absoluto da terra pelo Estado e continua havendo ainda hoje.

A Jornada de Pesquisas sobre a Questão Agrária no Paraná também abordou o Movimento Aprendizes da Sabedoria (MASA), a partir da pesquisa desenvolvida pela doutoranda Adriane Andrade, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Adriane defende que:

quem tem interesse nesses saberes populares, de conhecer um pouco mais sobre plantas, sobre ervas, existem também cartilhas que o professor também pode trabalhar isso em sala de aula. Eu acho que é muito isso – trabalhar junto, dialogando horizontalmente, não desmerecendo nenhum tipo de conhecimento, por ser conhecimento popular é menos importante do que o científico, não. É muito pelo contrário. A gente tem muito que dialogar e aprender com esses povos.

A contribuição de Adriane para o evento foi destacada pela estudante de Geografia da Unicentro, Rose Chagas, que participou das atividades da Jornada. Ela também pesquisa o MASA e seus saberes populares.

Me encantei com o trabalho, com o jeito que ela se dá com a pesquisa dela – com amor, com respeito e também para empoderar essas mulheres. É um trabalho de empoderamento. E eu me encantei – e foi o que me fez pensar ‘olha que legal, tem outra linha de pesquisa’ – não é somente dar aula e somente ficar na educação, dá pra fazer uma mistura com saberes populares, com cura e com tudo o que eu gosto.

Além de promover o intercâmbio de saberes entre pesquisadores e representantes de movimentos sociais, a JPQA no Paraná também contou com apresentação de pesquisas de estudantes e também teve trabalhos de campo. O professor Marcelo Barreto, um dos docentes da Unicentro envolvidos com a organização da Jornada, comemorou a vinda desse evento itinerante para o campus Irati e destacou a importância dele para refletir sobre a diversidade dos grupos sociais.


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​JÁ ESTÁ DISPONÍVEL EM E-BOOK O ATLAS DA QUESTÃO AGRÁRIA NO PARANÁ

Um esforço coletivo do Observatório da Questão Agrária no Paraná junto a movimentos sociais e povos e comunidades que mostram a diversidade das relações, práticas e dos conflitos pela terra e território paranaenses.   Convidamos a todxs a se apropriar dessa leitura ampla e crítica sobre o campo no estado e esperamos que o Atlas seja objeto de leitura e divulgação, de uso como material didático e de formação, e acima de tudo que possa contribuir ao debate sobre o Paraná que temos e o que queremos.   Logo abaixo você pode clicar na imagem e Baixar o documento para ter acesso ao Atlas e desfrutar da leitura:  

NOTA DE REPÚDIO

A Rede de Pesquisadores sobre a Questão Agrária no Paraná, integrada por pesquisadores de oito universidades públicas do estado, vem a público manifestar preocupação em face do cerceamento do exercício profissional da Geógrafa e pesquisadora Márcia Yukari Mizusaki, da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) por meio de ameaças motivadas pelo trabalho realizado junto às comunidades indígenas   do Município de Dourados, no Mato Grosso do Sul. À preocupação com esse que poderia ser um ato isolado, perpetrado por indivíduos que sentem-se à vontade para atentar contra os Direitos Constitucionais da servidora e dos indígenas, soma-se o repúdio à semelhante conduta do Jornal Diário MS, veículo de imprensa investido da tarefa pública de informação graças à concessão de que desfruta. A materia "Índios ampliam invasões de propriedades em Dourados", assinada por Marcos Santos, publicada no dia 22 de agosto último, é um exercício explícito de incitação à intolerância étnica