Ações de plantio envolveram 18 municípios do Paraná, com participação de 20 acampamentos e assentamentos do MST, além de cinco escolas do campo - Foto: Antonio Kanova
Em comemoração ao Dia da Árvore no Paraná, entre os dias 20 e 25 de setembro, foram plantadas pelos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) 21.290 mudas de árvores de espécies nativas florestais, frutíferas e algumas arbustivas que fazem parte da produção agrícola. Entre as 21 variedades estão: araucária, cerejeira, ingá, gabiroba, goiaba, ipê roxo, manga e café. Em sua grande maioria, espécies nativas do bioma da mata atlântica.
Lançado no ano de 2019, o plano nacional do MST, “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis'', do qual a Semana da Árvore fez parte, já distribuiu 110.753 árvores e arbustos nas áreas de reforma agrária.
Com o tema “Semear o Presente, Respirar no Futuro: Árvores Vivas e Fora Bolsonaro”, a Semana da Árvore colocou em prática, de maneira massiva, o Plano Nacional. As ações envolveram 18 municípios do estado, com participação de 20 acampamentos e assentamentos do MST, além de cinco escolas do campo.
De acordo com João Flávio Borba, engenheiro agrônomo e integrante do Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente e da coordenação do Plano pelo MST-PR, os objetivos são a preservação do meio ambiente, da biodiversidade e do cuidado com os agroecossistemas em que o MST está inserido e, principalmente, a perpetuação da vida no planeta. “A campanha se encaixou perfeitamente com o cenário de crise ambiental que vivemos em todo o mundo”, diz João Flávio.
Para o agrônomo, o produtor, acampado ou assentado que consegue conciliar a produção com a preservação natural, salta à frente no sentido de reconstruir e manter os tecidos ecológicos, possibilitando um sistema agroecológico equilibrado e harmônico. Assim, o camponês cria um ambiente arborizado, que mantém a água no solo e que também é produtivo e saudável.
As ações do MST surgem dentro de um cenário com chuvas abaixo do esperado nos últimos anos. Em maio de 2021, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) disparou o alerta de que oito grandes hidrelétricas da região Sudeste devem chegar a novembro perto do colapso. Frente a isso, o brasileiro vive hoje com o aumento do valor da energia elétrica e o medo de apagões.
De acordo com o agrônomo, as áreas de reforma agrária no Paraná são potencialmente territórios para proteção ambiental da fauna, da flora, dos solos e da água. Para ele, “fatores como a cultura camponesa dos assentados implica em aumentar a biodiversidade de seus sistemas produtivos.”
Outro componente apontado por João Flávio é a capacidade de organização social das famílias nessas áreas, evidenciado pela quantidade de mudas plantadas desde o início do plano nacional. “Essa característica também contribui de forma determinante para uma auto fiscalização de eventuais violações ambientais de qualquer natureza dentro de suas comunidades”, completa João Flávio.
O Plano Nacional dialoga também com o esforço para mudança de cultura e hábitos. “Plantio massivo de árvores alimenta a mudança cultural contra o desmatamento. Para o povo do campo, plantar árvores com viés econômico e ambiental será determinante para se atravessar qualquer crise, minimizando seus impactos", explica o agrônomo.
Acampamento Valdair Roque, Quinta do Sol (PR) / Foto: Matheus Henrique
Lucas Souza
Edição: Lia Bianchini
Leia na íntegra: https://www.brasildefatopr.com.br/2021/10/06/plantar-arvores-sera-determinante-para-atravessar-qualquer-crise-diz-dirigente-do-mst-pr.
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