* Texto originalmente postado em abril de 2014.
É com imensa alegria que noticiamos o início da estruturação da Rede de Agroecologia no Noroeste Paranaense, um trabalho aplicado à realidade dos assentamentos de reforma agrária. No último dia 5 de abril realizou-se no Centro de Formação Ernesto Guevara – CEPAG, em Santa Cruz do Monte Castelo o II Seminário Camponês de Agroecologia, reunindo a equipe do Laboratório de Geografia Agrária do departamento de Geografia da UEM, - LAGEA, assentados da região e técnicos de empresas de Assistência Técnica Rural - ATER.
As atividades do dia privilegiaram a troca de saberes, com mística própria, um curso de armazenagem de sementes, deliberações sobre as unidades demonstrativas, formação de um comitê de articulação da Rede e troca de sementes, que a princípio ainda é chamada entre os camponeses de crioulas. Este dia “também foi alimentado” com uma deliciosa galinhada, preparada com produtos orgânicos e frango caipira. A decisão da equipe vinculada ao LAGEA e ao projeto de Apoio à Produção Agroecológica e Resgate de Sementes Crioulas do Noroeste do Paraná - APARESC - de lutar pela difusão da agroecologia camponesa insere-se no direito do agricultor de autonomia produtiva, com o resgate de sementes crioulas, pertinentemente também chamadas de próprias.
Do contrário, ele, o camponês, está sujeitado a comprar a cada safra, sementes de empresas multinacionais, o que implica também em adquirir da mesma empresa os insumos químicos correlacionados. Ademais, pretende-se com o fortalecimento dessa Rede a ampliação das garantias de soberania alimentar, saúde para os povos do campo e da cidade e respeito ao meio ambiente.
Assim, a agroecologia frutifica-se na medida que requer maior sintonia do agricultor com os elementos tangentes aos cultivos, como é o caso de duas propriedades produtoras de arroz da região, que registram expressiva colheita valendo-se de manejo adequado e adubação responsável sem o uso de agrotóxicos.
Um momento deste dia que merece destaque foi a troca de sementes entre os assentados, o que envolveu também troca de saberes e experiências. Nos sensibilizou e alegrou a variedade de espécies alimentares que ainda são cultivadas e que agora foram difundidas neste intercâmbio. Citamos por exemplo: flor margaridão, uva japão, sorgo sacarina, abóbora gigante, melão caipira, amendoim de árvore, gergelim crioulo, moringa, melancia amarela, além de diversos tipos de sementes de milho e feijão que há muito tempo tinham deixados de serem cultivados.
Para o próximo mês, o coletivo de agricultores camponeses envolvidos nesta Rede fará uma oficina na 13ª Jornada de Agroecologia, de 21 a 24 de maio na Escola Milton Santos, localizada no município de Paiçandu/PR a fim de compartilhar vivências e anseios sobre a Rede de Agroecologia do Noroeste Paranaense. É nesse intuito de trabalho coletivo reunindo esforço dos camponeses assentados, de técnicos, agrônomos e os geógrafos pesquisadores do LAGEA que os fios da Rede de Agroecologia do Noroeste do Paraná estão sendo tecidos.
Em conjunto, estamos encontrando o caminho, e, esperamos que nele, afora as dificuldades, possamos sempre ver flores!!!
Grupo de Trabalho do Laboratório de Geografia Agrária do DGE – UEM - LAGEA
Projeto APARESC